O Helicobacter pylori, conhecido como H. pylori, é uma bactéria gram negativa de distribuição universal, na qual mais de 50% da população global é acometida. Dados epidemiológicos no Brasil variam muito de região para região, sendo a maioria dos estudos da região Sudeste. Contudo, a estimativa é que nossa população tenha um índice de incidência maior do que a global.
Desde 1982 com sua identificação, o H. pylori tem tido destaque em estudos, inclusive com formação de grupos para desenvolvimento de protocolos e estratégias de tratamento. Sendo assim os consensos para quando, como e em quais situações o Helicobacter pylori deve ser tratado são constantemente atualizados, levando em consideração estudos relacionados à bactéria e suas manifestações clínicas e/ou patologias.
Em 2017, no Sul do país se realizou o IV Consenso Brasileiro sobre infecção pelo H. pylori, rediscutindo a questão devido a crescente resistência aos antimicrobianos utilizados em seu tratamento e novas descobertas no estudo da microbiota gástrica.
Assim, se você tem o diagnóstico de infecção por H. pylori procure seu médico para que o tratamento seja discutido de acordo com seu caso, sua história genética e clínica.
Mais uma vez essa é uma condição individualizada levando em consideração inúmeros fatores.
“A erradicação de H.pylori associa-se a um decréscimo nas taxas de câncer gástrico”.
“Câncer gástrico tem incidência intermediária no Brasil, essa incidência apresenta diferenças regionais e está entre as cinco causas de mortalidade por câncer no país”.
As declarações acima são do Consenso*
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É reconhecida a relação do H. pylori com úlcera péptica e cancer gástrico. Nos casos de anemia onde o H.pylori pode estar levando a redução de absorção de vitamina B12, na Púrpura trombocitopênica autoimune, na metaplasia intestinal e gastrite atrófica avaliando estadiamentos é preconizado o tratamento do H.pylori. Outras situações de avaliação são usuários crônicos de AAS.
Fatores de risco para infecção de H. pylori estão relacionados a qualidade da água de consumo, aglomerados familiares e alimentos contaminados.
O diagnóstico frequentemente é realizado no exame de Endoscopia digestiva com biópsia da mucosa gástrica levada para análise de histologia. Outra forma de detecção de menor sensibilidade, porém muito utilizado, é o teste da urease, no qual o fragmento biopsiado de mucosa gástrica é colocado em contato com meio de cultura contendo uréia. O indicador de pH vermelho, positivo quando a enzima urease da bactéria degrada a uréia do meio de cultura dando origem a amônia e bicarbonato. Essa reação é percebida por meio de alteração de coloração do meio passando de amarelo para tons de rosa/vermelho (esse resultado é geralmente interpretado em até 24 horas).
O teste da urease é muito utilizado nos exames de endoscopia alta por ser de baixo custo e fácil aplicabilidade. Outro método diagnóstico pode ser a sorologia para H. pylori com pesquisa de anticorpos no sangue, exame mais utilizado para trabalhos e busca de dados epidemiológicos. Já o teste respiratório e antígenos nas fezes também podem ser métodos diagnósticos, contudo é menos utilizados em nosso meio.
Fonte de referência: IV Consenso Brasileiro sobre Infecção pelo H.pylori